Goldman e Bank of America acumulam patentes de ‘blockchain’.

Na corrida para revolucionar as finanças modernas, entusiastas do blockchain estão ignorando um problema potencialmente caro: seus aplicativos, construídos com um código aberto, podem pertencer a outra pessoa. Alguns dos maiores nomes do setor, como Goldman Sachs, Bank of America e Mastercard, patentearam sem fazer alarde algumas das tecnologias mais promissoras do blockchain. Até meados de novembro, o número de patentes que as empresas obtiveram ou afirmam ter solicitado praticamente dobrou desde o começo do ano, segundo o escritório de advocacia Reed Smith.

À medida que o blockchain evolui e que startups como Chain e Hyperledger divulgam seu código aberto, cresce o risco de que patentes se tornem armas poderosas para longos processos jurídicos em relação à propriedade intelectual. Cada vez mais especialistas alertam que empresas consolidadas utilizarão as patentes para afirmar ter direitos exclusivos sobre o trabalho dos precursores do blockchain.

— O código aberto não necessariamente restringe a possibilidade de patentear a inovação subjacente — disse Patrick Murck, especialista jurídico em blockchain. — Quem investir no ecossistema ou estiver interessado na tecnologia deveria se preocupar com isso.

Tiffany Galvin, porta-voz do Goldman, não quis comentar, e o Bank of America não respondeu aos pedidos de comentários.

Justin Pinkham, da Mastercard, disse que, como muitas outras empresas, só está apresentando patentes para defender suas invenções com o blockchain, como a empresa sempre faz em todas as suas áreas de trabalho. A empresa solicitou mais de 30 patentes ligadas ao blockchain e às moedas digitais.

Criado para registrar transações com bitcoins, o blockchain atraiu grandes financistas como Blythe Masters, ex-banqueira do JPMorgan que se tornou grande defensora, por causa do potencial para dar uma nova forma à administração dos setores de serviços financeiros, redes de abastecimento e assistência médica.

Isso levou empresas a patentearem suas inovações mais lucrativas. Empresas do mundo inteiro solicitaram ou obtiveram 356 famílias de patentes ligadas ao blockchain ou a moedas digitais em novembro, frente a 180 em janeiro, segundo Marc Kaufman, especialista em Propriedade Intelectual de Tecnologia Financeira do Reed Smith, e Questel, um fornecedor de bancos de dados.
Fonte: Jornal Extra