Grupos de Telegram lucram com BBB e viram alvo da Globo por direito autoral

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Grupos do aplicativo Telegram que ganham popularidade narrando o BBB em tempo real passaram a lucrar e viraram alvo da Globo, que ao menos duas vezes baniu os canais por violação de direito autoral.

Entre os famosos estão o “Espiadinha”, com 290 mil inscritos, e o “Canal BBB 21”, derrubado nesta semana, ressuscitado no mesmo dia e quase com o mesmo número de seguidores de antes, que chegava a 300 mil.

A operação destes canais, cuja entrada é possível a qualquer usuário do Telegram, consiste em publicar trechos de vídeos captados do pay-per-view da emissora acompanhados com transcrições.

Há fotos, diálogos reproduzidos sem erros de ortografia e curadoria com os momentos mais marcantes, na opinião dos administradores dos grupos, que se revezam para acompanhar o programa 24 horas.

Grande parte do resumo do confinamento apresentado nas edições de Tiago Leifert na TV aberta aparece nos canais de Telegram durante o dia.

Embora haja menção eventual a patrocinadores de peso do BBB, como PicPay e Avon, a criação e a administração desses grupos é de jovens estudantes de cerca de 18 anos. Eles garantem que não há nenhum tipo de megapatrocínio, mas que já começaram a receber ofertas de pequenos anunciantes, que enxergam potencial de propaganda nos canais.

Os administradores se revezam em escala para garantir que o público inscrito tenha conteúdo a qualquer momento. À reportagem, afirmam seguir critérios de imparcialidade no relato dos fatos, embora tenham torcidas particulares.

Em menos de um mês de programa, a Globo precisou reportar ao Telegram violação de direito autoral por esses canais ao menos duas vezes. O aplicativo russo imediatamente derrubou vídeos, e os administradores readequaram a alimentação de seus canais

Agora, a publicação de vídeos longos é rara, embora ainda seja possível encontrá-los em alguns canais. Após os banimentos do Telegram, o conteúdo ficou restrito à narração escrita, às fotos, memes e gifs.

A popularidade crescente, que vai ao encontro do aumento de usuários de Telegram no Brasil, atraiu pequenas lojas e influenciadores digitais, pagam cerca de R$ 150, a depender do pacote, para publicar um banner nos grupos.

O Canal BBB, derrubado e já disponível noutro espaço, porém sem a veiculação de vídeos longos, ganha cerca de R$ 1.000 por semana. O dinheiro é dividido entre os administradores, cerca de dez jovens que nunca se viram pessoalmente e só têm em comum o vício pelo reality.

“A gente não tinha noção que poderia ter publicidade até as pessoas aparecerem querendo pagar. É útil aos dois [anunciante e ao canal] devido à nossa influência”, diz Allanis Araújo, 20, estudante de direito de Mato Grosso e uma das administradoras.

O alcance médio de cada publicação —são cerca de cem por dia— é de 120 mil pessoas.

“São marcas pequenas ainda. Esses dias teve um sex shop e até instituição de ensino superior”, conta.


Fonte: MEON | Clipping: LDSOFT
Foto: Google