IF Baiano recebe patente em processo inovador de limpeza de equipamento para irrigação

O Instituto Federal Baiano (IF Baiano) recebeu a aprovação de mais uma patente, expedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) nesta quarta-feira (8). Esta é a quarta carta patente da instituição e trata-se de um processo de lavagem ultrassônica de emissores de irrigação por gotejamento. A invenção representa uma alternativa mais sustentável e acessível para grandes, médios e até pequenos produtores realizarem a limpeza dos seus equipamentos de irrigação.

A irrigação por gotejamento é uma das formas mais eficientes de fornecer água e nutrientes às plantas, pois possibilita a economia de recursos e um máximo rendimento. O processo de limpeza do equipamento de irrigação, porém, ainda não possuía um método eficiente e sustentável até a invenção da lavagem ultrassônica.

A invenção é fruto de um projeto de pesquisa, iniciado em 2013, fomentado pelo CNPq e executado por uma equipe de pesquisadores de diferentes instituições de ensino, sob a coordenação do professor do IF Baiano, Delfran Batista dos Santos. A equipe, formada pelos pesquisadores Maycon Diego Ribeiro, Ignacio Hernan Salcedo, Carlos Alberto Vieira de Azevedo, Marcio Roberto Klein e Flavio Daniel Szekut, trabalhava com técnicas de desobstrução de emissores de irrigação já consagradas e conhecidas no meio acadêmico e científico, até que, em uma conversa informal com o professor Delfran, o pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido, Ignacio Hernan Salcedo (in memoriam), sugeriu acrescentar o tratamento ultrassônico ao projeto de pesquisa.

Processo inovador

Salcedo conhecia a técnica de lavagem ultrassônica em outras áreas, como medicina (limpeza de materiais e ferramentas cirúrgicas) e mecânica (limpeza de bicos injetores de veículos), e achou que poderia funcionar para limpeza e desobstrução de gotejadores também. Os pesquisadores testaram a ideia e os resultados foram surpreendentes.

Segundo Delfran, trata-se de um processo inovador que proporciona recuperação, limpeza e desobstrução dos emissores com eficiência de até 100%, a partir do princípio da cavitação gerada pela indução de ondas sonoras em meio líquido. “Nessas condições o processo não deteriora o sistema e nem contamina o solo e as plantas com produtos químicos, caracterizando-se como um processo ambientalmente seguro e sustentável”, explica o coordenador da pesquisa.

Os processos utilizados até então para desobstrução de emissores de irrigação por gotejamento eram a aplicação de produtos como ácido fosfórico, ácido clorídrico, ácido nítrico, ácido sulfúrico, cloro e coquetéis biológicos ou de métodos físicos como, por exemplo, golpear os emissores com uma vareta. O pesquisador explica, no entanto, que os produtos químicos aplicados para a desobstrução dos emissores podem desgastar os componentes do sistema, como também contaminar a região do bulbo molhado, modificando as características químicas e biológicas do solo e consequentemente afetar o desenvolvimento das plantas. A desobstrução física, por sua vez, é ineficiente e demanda muito tempo e mão de obra, o que, para Delfran, torna o método inviável.

Já a limpeza ultrassônica se mostrou uma opção eficaz e sustentável para grandes, médios e até pequenos produtores. “[O processo é acessível ao] grande e médio produtor, que podem adquirir o equipamento para realizar a própria limpeza do seu sistema de irrigação, já para os pequenos produtores pode surgir uma empresa prestadora de serviço para realizar a limpeza [de forma terceirizada], porque o custo inicial do equipamento é elevado para eles”, explica Delfran.

Importância da patente

O coordenador acredita que para o IF Baiano essa patente, assim como outras que já foram aprovadas e que estão em tramitação, serve de estímulo e orgulho, demonstrando o seu papel perante o investimento que a sociedade faz na instituição. “Uma das finalidades do IF Baiano é desenvolver a educação profissional e tecnológica como processo educativo e investigativo de geração e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas às demandas sociais e peculiaridades regionais”.

A Pró-reitoria de Pesquisa e Inovação (Propes), através do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), auxilia os pesquisadores no processo de conquista de patentes. A responsável pelo NIT, Jaqueline Vieira, explica que, muitas vezes, antes de fazer o depósito, os pesquisadores submetem ao NIT as informações de características do produto, serviço ou processo e o NIT faz a análise de prospeccção tecnológica, buscando nas bases de patentes e nas bases científicas se já existe produto, processo ou serviço relacionado ao estado da técnica que aquele pesquisador passou para o NIT. “Então, a partir disso nós podemos concluir se o produto é inovador e analisar se houve uma atividade inventiva de fato em torno daquele novo produto”.

Depois de concluir que o produto é novo e se pode ser industriável, o NIT orienta os pesquisadores na elaboração da redação da patente, identificando os pontos de fragilidade ou mesmo respondendo às fragilidades apontadas pelo próprio INPI. É um processo longo, no qual o NIT atua em conjunto com os pesquisadores de forma estratégica.


Fonte: Agência Sertão – Clipping: LDSOFT
Foto: Agência Sertão