IFSC recebe sua terceira patente de propriedade industrial

O IFSC recebeu no último dia 15 sua terceira patente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). A inovação, também de autoria do professor Milton Pereira e depositada para análise em 2015, amplia a capacidade de equipamentos de processamento por laser baseados em scanner galvanométrico. “Normalmente, estes equipamentos dispõem de uma fonte de laser e um scanner, que garantem o processamento dos materiais numa área com dimensões bem específicas. Nos equipamentos, a fonte de laser é muito mais cara do que o scanner. Com esta patente, se viabiliza usar dois scanners lado a lado, o que dobra a área de processamento da máquina, ampliando assim sua capacidade, sem perda na qualidade do processamento”, destaca o autor.

Segundo ele, com esta patente, todos os fabricantes de equipamentos desta natureza podem passar a oferecer mais um produto no seu portfólio, com o dobro da área de processamento, mas com custo relativamente próximo ao custo de uma máquina contendo um único scanner.

Um mesmo laser alimenta dois cabeçotes montados e ajustados na fábrica para fornecer uma área dupla de varredura do sistema. Como o laser se propaga dentro do sistema, não gera risco de fuga do feixe para o ambiente externo. A vantagem deste sistema é que não é necessário dividir o feixe nem comutar (desviar) externamente para alimentar dois scanners. O sistema fica mais robusto e mais confiável.

Milton conta que após ter tido a oportunidade de realizar um pós-doutorado em 2013 numa das principais instituições em nível mundial na área de processamento de materiais por laser, que é o instituto Fraunhofer ILT (Fraunhofer-Institut für Lasertechnik), vinculado à Universidade Técnica de Aachen (RWTH Aachen University), na Alemanha, pode participar de pesquisas e ter contato com os principais desenvolvimentos na área de processamento de materiais por laser e identificar necessidades de evoluções nos processos e equipamentos. Foi daí que se originou não só essa patente, mas outras duas: uma que segue em análise pelo Inpi, depositada na mesma época, e outra que já recebeu a concessão de patente. As outras duas patentes também se destinam a contribuir para as próximas gerações de impressoras 3D em metal. Segundo Pereira, em linhas gerais, busca-se apresentar soluções tanto para ganhar produtividade nos processos quanto para ampliar o volume das peças produzidas por manufatura aditiva em metal.

Todas as patentes foram submetidas após seu retorno do pós-doutorado, enquanto ainda era professor do IFSC. “Levei alguns meses refinando as ideias e preparando as documentações. Na época, ministrava ‘usinagem dos materiais’ para a Engenharia Mecatrônica, ‘engenharia de precisão’ para o mestrado profissional em Mecatrônica e disciplinas diversas para o curso técnico de Manutenção Automotiva, como ‘metrologia’, ‘combustíveis e lubrificantes’, ‘motores de combustão interna’, ‘segurança veicular’, entre outras, sempre alternando as disciplinas em respeito à carga horária semestral”, lembra.

O pedido de patente que ainda aguarda concessão diz respeito à implementação de um dispositivo que altera a dinâmica de deslocamento de um feixe de laser sobre um material que está sendo processado. Com ele, será possível fazer com que o equipamento altere um parâmetro de processamento que é normalmente fixo nas máquinas atuais. Essa possibilidade de modificação neste parâmetro também amplia as possibilidades de processamento do equipamento.

Reconhecimento

Milton reconhece a importância do IFSC para sua produção. “Essa patente só foi escrita porque o IFSC viabilizou a realização do pós-doutorado na Alemanha. Além disso, só foi possível se concretizar por causa da atuação no NIT (Núcleo de Inovação Tecnológica) do IFSC, que deu todo o apoio necessário em todas as etapas. Infelizmente, não houve a possibilidade de explorar a patente com a construção de bancadas e realização de experimentos para levar o desenvolvimento a novos patamares”, destaca ele. Esse seria, segundo o autor, o benefício maior, já que contaria com o envolvimento de alunos, que aprenderiam mais sobre inovação e pesquisa aplicada, na prática. “Infelizmente, desde a submissão da patente os recursos destinados a pesquisa e desenvolvimento na forma de editais foram ficando cada vez mais escassos, o que adiou os planos de consolidação dessa patente”, lamenta. Porém, ressalta o resultado de todo o processo: “um grande benefício adicional é comprovar que o caminho para patentear ideias existe e é viável. Que isso possa motivar outros membros da comunidade do IFSC a seguir nessa direção”.

Milton diz-se satisfeito com as concessões: “profissionalmente, é uma grande satisfação e uma comprovação da minha atuação em inovação tecnológica. Além das três patentes com o IFSC, tenho outras quatro em análise no Inpi e outras duas em fase de elaboração para submissão”.

Para o IFSC, o autor afirma que o reconhecimento incentiva a inovação. “A chave para o sucesso foi a atuação do NIT. No meio acadêmico, é muito importante produzirmos e difundirmos conhecimentos de qualidade. Uma patente é uma comprovação de que se caminha nessa direção. Com isso, também estamos prestando contas para toda a comunidade acerca do que é desenvolvido dentro das instituições e despertamos ainda mais interesse em novos alunos para nossos cursos”, destaca Milton, que espera que essa concessão sirva de alavanca para novas ações nesse sentido. “Que mostre à comunidade do IFSC que o caminho é viável. Que motive professores e alunos a seguirem adiante nas suas ideias. Todos ganham nesse processo”, finaliza ele.

Sobre a atuação do IFSC no que diz respeito à inovações tecnológicas, leia aqui.  

Por Graziela Braga | Jornalista do IFSC


Fonte: IFSC | Clipping: LDSOFT
Foto: UBES