Inpa conta com mais de 72 pedidos de patentes

Instituição busca desenvolver produtos inovadores vinculados às pesquisas na região Norte

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) fecha 2016 com 72 pedidos de depósito de patentes, dos quais oito já foram concedidas junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Com isso, são mais de 100 produtos e processos registrados. O Instituto disponibiliza um portfólio de tecnologias para empresas ou possíveis investidores interessados em produzi-las em escala industrial.

“As patentes concedidas refletem o potencial do Inpa e o seu avanço como uma instituição que desenvolve produtos inovadores vinculados às pesquisas na região Norte”, disse Noélia Lúcia Simões Falcão, coordenadora de Extensão, Tecnologia e Inovação do Inpa.

Falcão conta que o Inpa também possui dez PCTs (Patent Cooperation Treaty/Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes), que é um tratado multilateral que permite requerer a proteção patentária de uma invenção, simultaneamente, em 148 países, por intermédio do depósito de um único pedido internacional de patente. Este tratado é administrado pela OMPI/WIPO (Organização Mundial da Propriedade Intelectual).

A patente é uma forma de resguardar um conhecimento de forma que possa ser desenvolvido com segurança, evitando a concorrência desleal. Para Falcão, esses números demonstram que o Inpa tem tecnologias que estão protegidas, são novas no mercado, têm atividade incentivada e com possibilidade de produção industrial.

Biotecnologias

A coordenadora do Inpa destaca quatro produtos biocosméticos feitos a partir do buriti (Mauritia flexuosa L. F) e da pupunha (Bactris gasipaes H.B.K), desenvolvidos no Instituto, que tiveram o deferimento e a propriedade intelectual protegida junto ao Inpi e estão prontos para serem produzidos em escala industrial.

“O empresário que tiver acesso à tecnologia dessa natureza só tem a crescer. Uma empresa inovadora é aquela que realmente desenvolve tecnologia que venha de laboratório. Este é o diferencial”, destaca.

O Inpa fez o primeiro pedido de patente em 1996. De acordo com a coordenadora, essa é uma área de inovação ainda complicada no País. Segundo ela, quando os pedidos de patentes tratam de produtos de pesquisas de biotecnologia, não só o Inpa, mas outras instituições brasileiras enfrentam um gargalo burocrático, como normas e leis, que inviabilizam a concessão da patente.

O diretor do Inpa, Luiz Renato de França, observa que o Instituto tem conseguido manter o seu objetivo, que é realizar estudos científicos sobre a região amazônica para promover o bem-estar humano e o desenvolvimento socioeconômico regional. “O Inpa tem uma liderança muito grande e tem conseguido promover a interação da área acadêmica com a sociedade, por usar bem as características peculiares da região”, observa.

Incubadora

Apesar dos obstáculos burocráticos, a instituição continua firme no propósito de desenvolver uma cultura empreendedora. Até o final de 2016, sua Incubadora de Empresas deve lançar mais um edital destinado a empreendimentos inovadores e escaláveis. Serão cinco vagas para empresas residentes e cinco não-residentes.

Vinculada à Coordenação de Extensão Tecnológica e Inovação (Ceti) do Inpa, a Incubadora é um local especialmente criado para abrigar empresas iniciantes. Desde sua criação, em 2002, mais de uma dezena de empresas já passaram por ali; no momento, quatro estão incubadas.

Os potenciais empreendedores devem atuar nas áreas da Biodiversidade, Dinâmica Ambiental, Tecnologia e Inovação, e Sociedade, Ambiente e Saúde, devido à expertise que o Inpa possui. Para Falcão, esse é um dos diferenciais da Incubadora.

Um facilitador de projetos

A Incubadora de Empresas do Inpa é um facilitador de projetos, com um ambiente tranquilo e seguro para quem está começando a dar seus primeiros passos empresariais. A opinião é dos empresários Mateus Bonadiman, da Hdom Engenharia, e de Diego Brandão, da Amazônia Socioambiental.

Para Mateus Bonadiman, sócio-diretor da Hdom Engenharia, que presta consultoria ambiental, ser uma empresa incubada o ajudou a expandir, lembrando que a empresa se graduou em dezembro de 2015. “A Hdom foi criada em 2009 e entramos na Incubadora do Inpa no final de 2011. Tivemos o apoio da instituição em diversas frentes, já que a empresa pode participar também de feiras e workshops junto com a instituição. Essa parceria nos deu segurança para seguir em frente e nos consolidar”, disse.

Bonadiman disse ainda que a instituição também deu suporte técnico, gerencial e formação complementar, facilitando, assim, o processo de inovação e acesso a novas tecnologias. “Hoje trabalhamos com projetos, mas já contamos com quatro funcionários, além de alguns terceirizados”, disse.

A Amazônia Socioambiental, uma empresa de soluções em biodiversidade e organização socioprodutiva, foi a primeira a utilizar na modalidade residente o sistema compartilhado de incubação de empresas de base tecnológica do Inpa. Diego Brandão, biólogo e diretor executivo da empresa, também afirma que o suporte dado pela instituição foi fundamental para que a empresa tomasse fôlego no mercado. “Aqui, conseguimos aumentar a visibilidade das nossas atividades desenvolvidas. Além de termos aumentado a nossa rede de contatos”, explica.

Fonte: Jornal da Ciência