Nike prepara lançamento de NFTs que vão vincular tênis real e virtual

Com o aumento nas negociações de NFTs no mundo da moda, Nike pode tirar do papel o projeto dos “CryptoKicks”, patenteado pela marca em 2019

No centro das atenções do mercado de criptoativos e blockchain no ano de 2021, os tokens não fungíveis têm ganhado cada vez mais espaço no setor da moda e, graças às suas características, os NFTs também alcançaram o mundo dos amantes de tênis, ganhando a atenção da Nike, que pode estar repensando o seu projeto de calçados digitais.

Nas últimas semanas, uma das marcas preferidas dos amantes e colecionadores de tênis, têm sido especulada como a próxima empresa a ingressar no universo dos NFTs. Em 2019, a fabricante americana de calçados registrou a patente “CryptoKicks“, um sistema para lançamento de calçados digitais, que poderia vincular os tênis físicos às suas versões virtuais, que podem ser vendidos, transferidos ou armazenados no ambiente online, através da tecnologia blockchain. Assim como em outros NFTs, após serem tokenizados, cada tênis teria um registro único na rede, que além de torná-lo exclusivo, poderia facilitar o processo de verificação dos calçados pelos sneakerheads.

Usualmente chamados de sneakerheads, os amantes e colecionadores de tênis são responsáveis por um mercado que movimenta milhões de dólares diariamente, através da compra e venda de calçados, que além do design, possuem a exclusividade como um diferencial. Com uma baixa tiragem de pares, os tênis que são fruto de alguma colaboração, entre um fabricante de calçados e um artista, designer ou atleta profissional, geralmente são os mais cobiçados e, devido a uma alta procura e uma baixa oferta, acabam sendo os mais caros na revenda.

Nesse cenário, existe o Nike Air Jordan 1 Freeze Out x Trophy Room, que recebeu esse nome por representar o All Star Game de 1985, jogo no qual os jogadores adversários tiveram de “dar um gelo” em Michael Jordan. Lançado oficialmente no dia 10 fevereiro na loja online da Trophy Room com o valor de 190 dólares, a mecânica de vendas foi um sorteio, que dava aos usuários o direito de compra de uma unidade do tênis, que teve 12.000 unidades fabricadas. Com o estoque esgotado instantaneamente, o modelo agora pode ser encontrado em plataformas de revenda, por um valor de aproximadamente 5.000 dólares, aproximadamente 26 vezes mais caro que seu valor oficial.

Apesar de ainda não ter se pronunciado sobre uma atualização em relação ao CryptoKicks, atuar no ambiente virtual não seria uma novidade para a Nike. Em 2019, a Jordan Brand, uma marca da Nike, fez uma colaboração com a Epic Games, lançando uma série de trajes virtuais especiais, que foram vendidos em pacotes dentro do Fortnite, um dos jogos mais populares do mundo. Entretanto, diferentemente do lançamento de seus tênis mais cobiçados, as roupas do jogo não eram escassas, e foram vendidas para qualquer jogador que tivesse o saldo necessário para adquirir as peças na loja virtual do Fortnite.

Além de atingir os colecionadores de tênis no ambiente virtual, com o lançamento de NFTs de seus tênis, a Nike poderia continuar lucrando com os seus tênis que são vendidos por milhares de dólares no mercado secundário, estabelecendo a condição de que a cada revenda do tênis virtual, a marca norte-americana recebesse uma parcela do valor, assim como fez a fabricante de calçados brasileira, a Pampili, que a cada revenda do Pamp Jump, recebe 20% de comissão, que é destinada à doações para projetos que tenham um impacto social.

Por mais que o futuro da Nike de forma direta no ecossistema dos NFTs com seus tênis ainda seja incerto, um dos principais nomes da marca já teve alguns de seus melhores momentos tokenizados e, inclusive, tem investido no setor. Após ter seus lances mais gloriosos sendo tokenizados e vendidos por milhões na plataforma NBA Top Shot, Michael Jordan, responsável pela fama da silhueta do Nike Air Jordan 1, enxergou no setor uma grande oportunidade e, junto com Kevin Durant e outros nomes da NBA, foram responsáveis por um investimento de aproximadamente 305 milhões de dólares na plataforma.


Fonte: Exame | Clipping: LDSOFT
Foto: Exame