Novo fármaco com patente portuguesa para Parkinson

Produto da Bial já é comercializado na Alemanha e no Reino Unido

O grupo português Bial anunciou hoje ter iniciado a comercialização na Alemanha e no Reino Unido do seu novo medicamento para o tratamento da doença de Parkinson, uma patologia neurodegenerativa, crónica e progressiva.

O novo medicamento Bial, aprovado em junho pela Comissão Europeia, e cuja substância ativa é a Opicapona, reduz o chamado período OFF-time em doentes de Parkinson, período que se caracteriza por um estado de profunda imobilidade dos doentes.

De acordo com informação disponibilizada à Lusa pelo grupo Bial, a Alemanha e o Reino Unido são os primeiros países a comercializar este novo medicamento, que deverá estar disponível durante o próximo ano em outros mercados europeus, incluindo em Portugal.

Para reforçar a sua estratégia de internacionalização e assegurar a comercialização dos seus medicamentos, a Bial abriu em 2015 filiais em Frankfurt e em Londres. Na Alemanha, o grupo conta já com uma equipa de 40 pessoas e de 15 no Reino Unido, essencialmente equipas de vendas e gestores médicos.

Segundo dados disponibilizados pela farmacêutica, que tem sede na Trofa, a Alemanha tem 260 mil doentes com Parkinson, num mercado avaliado em 400 milhões de euros, e no Reino Unido existem 120 mil pacientes, num mercado de 165 milhões de euros.

Os estudos realizados mostram que este novo fármaco representa “uma nova opção de tratamento, segura e eficaz, e com a vantagem de ser de uma só toma diária, como terapêutica adjuvante em pacientes adultos com doença de Parkinson e flutuações motoras que não estão controlados com outras terapêuticas”, refere António Portela, CEO da Bial.

“Estamos muito satisfeitos por este novo medicamento Bial estar já disponibilizado na Alemanha e no Reino Unido, países onde abrimos recentemente filiais. Este novo medicamento reflete a nossa aposta em I&D, o nosso projeto de internacionalização e, naturalmente, o concretizar da nossa missão de procurar soluções para os problemas de saúde das pessoas em todo o mundo”, acrescenta.

A Associação Europeia da Doença de Parkinson (EPDA) estima que 1,2 milhões de pessoas na União Europeia sofrem desta patologia, incluindo 22 mil portugueses.Descrita pela primeira vez em 1817, a doença de Parkinson é altamente incapacitante e afeta as faculdades motoras dos seus portadores.

Os sintomas clínicos da doença surgem habitualmente depois dos 50 anos (idade média de diagnóstico da patologia é aos 60 anos). O diagnóstico da doença de Parkinson é baseado na observação clínica e pode ser realizado em pacientes que apresentam dois de três sintomas motores principais ou cardinais: tremor em repouso, rigidez muscular e bradicinesia. O tremor está presente em 85% dos pacientes com Doença de Parkinson.

A molécula deste novo medicamento começou a ser estudada pela farmacêutica Bial há 11 anos. É o segundo fármaco de patente portuguesa a chegar ao mercado, depois da comercialização de um medicamento (acetato de eslicarbazepina) para o tratamento da epilepsia, já disponível na Europa e nos Estados Unidos.

A Bial é uma farmacêutica internacional com produtos disponíveis em mais de 50 países. A procura de novas soluções terapêuticas constitui há mais de duas décadas a grande aposta da empresa, que anualmente canaliza para I&D cerca de 20% da sua faturação, o que tem representado mais de 40 milhões de euros.

Fonte:dnotícias