Os caminhos da inovação aberta nas indústrias paranaenses

Como os editais de inovação aberta e a parceria com o Sistema Fiep têm impulsionado indústrias e startups no Paraná?

Das 12.700 startups brasileiras, 1.032 ficam no Paraná, o equivalente a 8,5% do total. Os números são da Associação Brasileira de Startups. O grande potencial de negócios emergentes no Brasil ainda enfrenta alguns desafios. Menos de 2% do PIB brasileiro é investido em inovação, deixando o país na 62ª posição no ranking global. O Sistema Fiep tem contribuído para mudar esse cenário, facilitando a aproximação entre indústrias e startups. Um dos caminhos são os editais de inovação aberta, em que empresas âncoras lançam desafios para o ecossistema de inovação. “Em vez de fazer um projeto de inovação sozinha, utilizando recursos e equipes próprias, a empresa âncora se conecta com startups e com institutos de ciência e tecnologia. Ela abre os desafios, acessa os recursos e recebe projetos para solucionar suas demandas”, explica Rafael Trevisan, gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação no Sistema Fiep.

Até o ano passado, pelo menos três âncoras abriram editais em parceria com os Institutos Senai de Inovação (ISI): o Grupo Volvo, a Bosch Brasil e a Klabin, com investimentos que ultrapassam um milhão de reais. Nos projetos de inovação aberta, tanto indústrias quanto startups encontram recursos financeiros e técnicos para inserir a inovação nos negócios. “Na Plataforma Edital de Inovação da Indústria do Senai, a cada real investido pela indústria em chamadas de inovação aberta, o Senai coloca mais um real. É uma grande possibilidade de alavancar projetos”, completa Rafael.

Inovação e competitividade

Os investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação são essenciais para o crescimento econômico de um país. Sem movimentar o ecossistema, a dependência de tecnologias importadas tende a encarecer os custos de toda a cadeia produtiva. A cada três anos, o IBGE realiza a PINTEC (Pesquisa de Inovação) – no último triênio estudado, de 2015 a 2017, a taxa de inovação foi reduzida de 36% para 33% no Brasil. É possível que 2020 modifique um pouco esses índices, já que a pandemia abriu espaço para novos editais focados em soluções de combate à pandemia. “Aqui no Paraná, tivemos uma chamada de projetos para o combate à COVID-19 em parceria com o Governo do Estado, por meio da Fundação Araucária. Dez projetos foram selecionados e receberam recursos para desenvolverem suas soluções dentro do Sistema Fiep, por meio dos Institutos Senai de Tecnologia e Inovação”, destaca o gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. Ele cita alguns exemplos, como uma tinta antiviral, inteligência artificial para identificar aglomerações em locais públicos e pulseira de acompanhamento com geolocalização para uso dentro de fábricas.

Benefícios para as indústrias

Foi a primeira vez que a Klabin, maior produtora e exportadora de papel do Brasil, realizou um edital de inovação aberta. A chamada, promovida em 2019, fez parte do Edital de Inovação para a Indústria, na categoria Empreendedorismo Industrial. “Tivemos a oportunidade de mapear algumas dificuldades da empresa e elaborar cinco desafios para que as startups nos auxiliassem”, diz Arlete Almeida, coordenadora de Processos de Gestão de Inovação da Klabin.

Por meio dos Institutos Senai de Tecnologia e Inovação, há outras frentes de desenvolvimento do relacionamento entre indústrias e startups. É o que acontece com a Furukawa, fabricante de soluções em energia elétrica, que utiliza recursos da Lei de Informática para investir em inovação. “De forma geral, as startups podem ser uma fonte de recursos especializados em campos complementares ao da empresa. Questões como o valor percebido do produto, garantia de qualidade, pós-venda, propriedade intelectual, são assuntos complexos e demandam uma evolução gradual. A mediação do Sistema Fiep pode ajudar bastante”, analisa Sergio Scarpin, gerente de Pesquisa & Desenvolvimento da indústria. A afirmação é compartilhada por Rafael Trevisan: “nosso papel é alavancar e potencializar a inovação nas indústrias, colocando nosso conhecimento técnico e nossas competências à disposição de todo o ecossistema de inovação”, encerra.


Fonte: G1 | Clipping: LDSOFT
Foto: G1