Tudo vai mal, mas há luzes no fim do túnel

O Fórum Econômico Mundial organiza anualmente um ranking da competitividade das nações, que busca medir as condições oferecidas, em cada uma delas, para a geração de novas oportunidades.
O lamentável é que, analisando a série histórica do nosso desempenho,verificamos que o Brasil está perdendo posições, ano após ano, tendo, em 2016, ocupado o 81º lugar entre todos os 138 avaliados. Estamos abaixo da Albânia, Armênia, Guatemala, Jamaica e muito longe do Chile, da Costa Rica e do Uruguai, com economias muito inferiores a nossa.
Se compararmos os resultados da competitividade brasileira com a dos demais países do BRICS, poderemos verificar que nos encontramos num desconfortável último lugar.
O Financial Times considerou que o BRICS tende a desaparecer, sendo substituído pelo TICKS (Taiwan, Índia, China e Coreia do Sul), focado no crescimento da tecnologia.
O termo BRICS foi criado em 2001 pelo economista Jim OŽNeill, e retratava as economias que seriam as molas propulsoras do crescimento global no século XXI.
Verificou-se que, com o passar do tempo, Rússia e Brasil continuaram sendo exportadores de commodities e a África do Sul não adquiriu expressividade no cenário econômico mundial.
Por que estamos patinando eternamente nessas posições tão ruins?
Inicialmente porque, até agora, os nossos investimentos em educação foram direcionados de forma equivocada,na medida em que não aumentamos a qualidade da educação fundamental, o nosso ensino médio é ruim e sem objetivos claros.
A oferta de ensino técnico e profissional é distorcida e insuficiente, desprezamos a formação superior em cursos de tecnologia voltados para as necessidades do setor produtivo, e formamos poucos engenheiros.
Outroproblema é que o país tem que se preocuparem facilitar o acesso ao mercado global, desburocratizando oc omércioe xterior e facilitando a negociação de acordos bilaterais e multilaterais, sem falar no custo Brasil elevado, fruto da incapacidade de melhorar a infraestrutura e a logística, essenciais para a distribuição dos insumos e dos produtos, nas condições adequadas.
Finalmente,é necessário seguir oe xemplo dos países que melhoraram as suas posições no Ranking da Competitividade, focando na oferta de produtos e processos de produção inovadores.
Para isso, é urgente retomar a estabilidade dos financiamentos à pesquisa e à inovação, com a continuidade e os montantes indispensáveis.

A situação econômica vem provocando contingenciamentos e falta de recursos nas agências de fomento, impedindo a inovação e o aumento da competitividade das empresas.
Entretanto, várias são as luzes no fim do túnel, e que não são as de uma locomotiva que vai esmagar o nosso progresso. Cito três: a primeira é a recente proposta de reforma do ensino médio, passo inicial para a mudança, para melhor, da educação brasileira.
Duas outras deram certo,e há 30 anos estão mudando a face de muitas empresas inovadoras. Uma delas é o GESTEC, Coordenação de Gestão Tecnológica da Fundação Oswaldo Cruz, que viabilizou inúmeras parcerias tecnológicas,a transferência de tecnologias para empresas, o licenciamento de patentes e a prospecção cientifica e tecnológica naquela Fundação. Vacinas, fármacos e medicamentos, equipamentos e metodologias surgiram graças ao GESTEC.
A outra é a Rede de Tecnologia-RedeTec, que chegou aos 31 anos de sua concepção como um exemplo pela contribuição às incubadoras e aos parques tecnológicos e à cultura da propriedade intelectual e da comercialização da tecnologia. Com mais GESTEC se RedeTecs, o país vai alcançar os níveis de competitividade ambicionados, trazendo empregos, renda e bem-estar social.

Fonte: O Globo Online