Professores e estudantes baianos desenvolvem método para extrair amido da pupunha e recebem patente pela invenção

Técnica desenvolvida por pesquisadores do Instituto Federal Baiano (IF Baiano) foi publicada em artigos científicos internacionais. Resultado da pesquisa é utilizado para gerar renda para produtores e incentivar o melhor aproveitamento da planta.

Pesquisadores do Instituto Federal Baiano (IF Baiano) de Uruçuca, cidade a cerca de 300 km de Salvador, receberam uma carta patente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) pela invenção de um método que consegue extrair amido da pupunha, palmeira nativa da América do Sul e muito comum na região sul da Bahia.

A planta é utilizada para produção de palmito e, geralmente, o fruto é descartado. Com a descoberta, o material passou a ser utilizado também na produção de embalagens biodegradáveis.

A partir de experimentos com o fruto, professores e estudantes desenvolveram receitas como um vatapá a base de pupunha, bolos, biscoitos e doces. E durante este processo, foi notada uma grande concentração de amido na polpa do fruto.

O amido é farto em todos os vegetais, que utilizam a substância para nutrição e desenvolvimento. Por isso, ele é aproveitado por outras indústrias além da alimentícia. Com isso, os pesquisadores passaram a explorar o processo para tentar retirar o amido da pupunha. O engenheiro de alimentos Biano Alves explicou o uso da substância.

“É um tipo de açúcar amplamente consumido não só na indústria de alimentos, mas cosméticos e fármacos. Esses comprimidos, quase todos eles têm uma quantidade de amido para dar cor. A gente pensou em quantificar a quantidade de amido que tem nesse fruto inicialmente e criar alternativa de se extrair esse amido”, disse.

De acordo com o engenheiro, a composição do produto nos materiais é mais benéfica à natureza e o amido passou a ser utilizado também na produção de sacolas plásticas.

“O amido é utilizado em embalagens biodegradáveis há alguns anos. Algumas sacolas plásticas encontradas em supermercados têm amido na sua estrutura. A gente tentou dar essa aplicabilidade”, afirmou.

Angela Soares era estudante de tecnologia de alimentos quando os experimentos começaram, em 2010. Segundo ela, o trabalho era grande por causa da grande coloração e os pesquisadores conseguiram, depois de alguns métodos, conseguir extrair o amido da pasta-base do fruto.

“No início deu trabalho. Porque como o amido da pupunha é rica na coloração (ou é amarelado ou alaranjado), dava muito trabalho para tirar essa pigmentação. Nisso, os professores foram estudando algumas fórmulas e fomos colocando em prática no laboratório. Até que descobriu como retirar essa pigmentação e a gente conseguiu um resultado satisfatório. Atingimos, em 56 kg da pasta-base de pupunha, um quilo de amido. Isso nos experimentos iniciais”, contou.

Os pesquisadores já publicaram quatro artigos científicos internacionais, sendo um deles sobre o uso do amido na produção de embalagens biodegradáveis.

A expectativa é que ainda este ano o IF Baiano receba mais uma carta-patente sobre o processo do compósito biodegradável feito através da extração do amido da pupunha. O processo está na fase final.


Fonte: G1 – Clipping: LDSOFT
Foto: G1