Apostar no metaverso pode não ter sido a melhor decisão de Mark Zuckerberg; entenda

Há aproximadamente um ano, o Facebook mudou de nome e se tornou Meta. Na ocasião, a empresa de Mark Zuckerberg estava passando por uma série de polêmicas e denúncias, mas estes não foram os únicos motivadores da alteração: a aposta do fundador do Facebook no metaverso também influenciou muito a escolha.

No entanto, quase um ano depois, é possível dizer que Mark Zuckerberg acertou em priorizar o metaverso dentro de sua empresa? É o que o New York Times, um dos maiores jornais do mundo, tentou analisar.

A ideia de Zuckerberg é fazer com que o metaverso se torne um ambiente em que as pessoas vivam de maneira completamente imersiva, seja trabalhando, jogando ou até mesmo só socializando digitalmente.

Para atingir este ideal, a empresa passou a investir bilhões de dólares, mas parece que o metaverso ainda não passou de uma vontade de Mark Zuckerberg. Alguns funcionários da Meta chegam a afirmar que as frequentes mudanças de foco e estratégia parecem estar mais ligadas a vontade do CEO, do que realmente a um plano de expansão ligado ao mercado.

O foco de Mark Zuckerberg no metaverso é tão grande que ele mesmo acabou se tornando o rosto responsável por promover a tecnologia. O avatar do CEO da Meta se tornou o principal representante dos novos lançamentos do metaverso.

Mas nem sempre esse tipo de publicidade funciona. Em agosto, por exemplo, uma captura de tela do avatar de Zuckerberg no Horizon Worlds para falar sobre a expansão do jogo acabou se tornando alvo de chacota, o que fez a empresa reformular a aparência do avatar.

Na ocasião, Mark Zuckerberg fez uma publicação relatando que seu avatar ainda estava “bastante básico”, mas que os gráficos do Horizon Worlds são “capazes de muito mais”.

Dinheiro destinado ao metaverso  

Executivos da Meta chegaram a questionar as estratégias adotadas para o metaverso, bem como a quantidade de dinheiro destinado ao projeto. E este último ano não foi uma grande vitória para a empresa, pelo menos no quesito renda.  

A Apple recentemente alterou sua política de privacidade, o que impactou diretamente na venda de publicidade da Meta, custando bilhões de dólares para a companhia.  

Outro ponto muito importante é a ascensão do TikTok. A rede social chinesa está roubando muitos usuários das plataformas da Meta, principalmente os mais jovens, fazendo com que suas grandes fontes de renda (Instagram e Facebook) percam relevância no mercado, o que também afeta a empresa financeiramente.  

O investimento no metaverso é alto, porém, o retorno ainda não é forte o suficiente. O principal jogo de realidade virtual da companhia, Horizon Worlds, ainda não está em perfeito estado e apresenta algumas falhas, o que acaba gerando uma certa impopularidade, por exemplo.

Instabilidade interna  

Como já dito, os funcionários da Meta parecem acreditar que o metaverso é mais uma espécie de querer de Zuckerberg, do que uma aposta de mercado. Neste sentido, o foco do CEO acabou gerando um mal estar interno. 

Uma pesquisa feita pela Blind com mil funcionários da Meta apontou que apenas 58% deles entendiam a estratégia do metaverso. Muitos trabalhadores também reclamaram da alta rotatividade e troca frequente de funcionários à medida que Zuckerberg muda suas prioridades.

Neste ano, Zuckerberg chegou a pedir que os funcionários fizessem reuniões por meio do Horizon Workrooms da Meta, que cria salas de reunião virtuais. Porém, diversos trabalhadores da empresa sequer tinham fones de ouvido VR para participar desse tipo de encontro.

A vice-presidente responsável pela divisão de metaverso da Meta, Vishal Shah, chegou a lamentar em um quadro de mensagens interno que os funcionários não utilizam a tecnologia desenvolvida pela empresa.

“Por que não amamos tanto o produto que construímos que o usamos o tempo todo?” Sr. Shah perguntou. “A verdade simples é que, se não o amamos, como podemos esperar que nossos usuários adorem?”

O que diz a Meta?


Apesar de não parecer muito motivador continuar com foco total no metaverso, a empresa não aparenta estar disposta a mudar de estratégia. Andy Stone, porta-voz da Meta, relatou que a companhia acredita estar no caminho certo.

“Ser cínico em relação a tecnologias novas e inovadoras é fácil”, disse Stone. “Na verdade, construí-lo é muito mais difícil – mas é isso que estamos fazendo porque acreditamos que o metaverso é o futuro da computação.”

Fonte: Olhar Digital Imagem: Emarketing