MCTI e Organização Mundial para Propriedade Intelectual estudam cooperação para difundir conhecimentos da área

Dados globais indicam que apenas 16% das patentes internacionais são de mulheres.

Como levar o tema da propriedade intelectual para grupos que ainda utilizam pouco essa ferramenta, como mulheres, jovens e povos tradicionais? O que fazer para que a propriedade intelectual seja compreendida e percebida como um instrumento para a inovação? Essas questões nortearam o diálogo entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI).

A reunião realizada nesta quarta-feira (05/04) entre a secretária de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, Marcia Barbosa, e a diretora da Divisão para América Latina e Caribe do Escritório da OMPI, Beatriz Amorim-Borher, debateu as possibilidades de inserção do tema em projetos que estão em andamento e também a implementação de novas iniciativas.

“Propriedade intelectual é uma ferramenta para inovação”, defendeu a diretora da OMPI. “É por meio da propriedade intelectual que se captura valor para as inovações que são geradas em todas as áreas e é uma parte do processo de inovação que facilita a troca entre os inovadores”, acrescentou, destacando que o mundo hoje é mais digital e valoriza a criação.

A diretora citou levantamento efetuado por uma consultoria que indicou que os intangíveis nas grandes empresas podem responder por até 70% do valor da empresa. “Precisamos trazer essa mentalidade para o ambiente das empresas da América Latina e Caribe”, afirmou ela.

Entre os aspectos do tema abordados durante a reunião está a necessidade de fomentar a participação feminina nas carreiras STEM, sigla em inglês que reúne as áreas de Ciências Exatas, Engenharias e Computação e, por consequência, aumentar o número de mulheres inventoras. Borher citou dados recentes globais que indicam que apenas 16% das patentes registradas no âmbito internacional são de mulheres. Segundo ela, se mantiver esse ritmo, a paridade de gênero será alcançada somente no ano 2147. Borher destacou ainda que a OMPI pretende desenvolver uma edição específica com o Brasil para mulheres nas carreiras STEM incluindo empreendedorismo.

O MCTI integra o Grupo Interministerial de Propriedade Intelectual e dispõe de iniciativas de estímulo ao empreendedorismo, em especial a participação de mulheres e meninas na ciência, executadas por unidades vinculadas, como Mulheres Empreendedoras, Futuras Cientistas e Programa Centelha.

A secretária Marcia enfatizou que a pasta ministerial, em conjunto com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), anunciou no início de março um edital no valor de R$100 milhões dedicado a apoiar projetos que estimulem o ingresso e a formação de meninas e mulheres nas carreiras STEM, além de combater a evasão dos cursos de graduação nessas áreas. “A ideia é atingir as faixas etárias no momento de escolhas da carreira e fomentar as carreiras STEM com bolsas para a permanência na universidade”, afirmou ela.

Outro aspecto destacado pela secretária Marcia foi a necessidade de trabalhar a presença feminina em altos cargos, incluindo a esfera privada. Segundo ela, o caminho das mulheres para chegar ao topo é outro desafio. “Precisamos trabalhar a questão das mulheres no poder”, afirmou.

Também participaram da reunião representantes da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI e do Ministério das Relações Exteriores.

Sobre a OMPI

Estabelecida em 1967, a OMPI é uma agência especializada da Organização das Nações Unidas referência mundial para informações de propriedade intelectual. É um fórum global para serviços, políticas, informações e cooperação sobre propriedade intelectual que conta com 193 estados-membros.

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Fonte: INPI