O que falta para o Brasil crescer em inovação e competir globalmente

A inovação é altamente valorizada no meio empresarial. O conceito dessa palavra remete a antecipar-se a problemas, resolvê-los e encontrar soluções que provoquem uma ruptura com o padrão existente gerando valor monetário. É largamente reconhecida como impulsionadora do desenvolvimento e crescimento econômico mundial.

Se antes esse termo significava apenas a criação de novos produtos ou serviços hoje é um requisito básico para execução de tarefas e, acima de tudo, uma forma de pensar e sobreviver perante a forte competitividade do mercado.

Desde 2007, economistas, executivos e líderes mundiais contam com uma ferramenta que traça um panorama da situação da inovação globalmente. Trata-se do Global Innovation Index (Índice Global de Inovação) divulgado anualmente pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), em parceria com a Cornell University e o centro de estudos Insead.

O ranking global de inovação está em sua 9ª edição e ajuda a capturar as facetas multidimensionais da Inovação por prover um rico banco de dados e métricas para 128 economias que representam 93% da população mundial e 98% do PIB global.

De acordo com o ranking, o Brasil aparece na 69ª posição em Inovação. A pesquisa abrange 83 tópicos divididos em sete pilares. No topo da lista aparecem a Suíça, Suécia, Reino Unido, Estados Unidos e Finlândia. Em uma escala de 0 a 100, o Brasil recebeu nota 33,2.

Mas por que medir a Inovação? Quais os seus impactos no desenvolvimento de um país?

A inovação está intrinsecamente ligada a capacidade econômica de um país, ela é a chave para obter sucesso e competir globalmente. “A partir da inovação ampliam-se as oportunidades e possibilidades de criar e conquistar um melhor posicionamento de mercado a partir do valor agregado das ofertas impactadas pela inovação, colocando consequentemente o país em um patamar global mais interessante. A inovação não é um ato genial e sim uma forma de aceitar que sempre existe algo melhor, nesse sentido mostra-se como uma postura de humildade diante do conhecimento”, analisa o coordenador do módulo de Inovação da escola internacional de negócios MBI (Master of Business Innovation).

Por isso, vale a reflexão sobre os dados da inovação no Brasil e como aprimorá-los afim de vislumbrar o progresso a longo prazo.

Educação, o princípio de tudo

A educação é um ponto-chave para a base do desenvolvimento inovador. Embora o relatório liste os investimentos em educação como um dos pontos fortes do país, Mauro Bonon, ressalta a importância de trabalhar na educação como um todo para que o Brasil evolua neste quesito.

“É preciso principalmente inovar os modelos vigentes de educação existentes em nosso país, e quando se fala em educação isso envolve tudo o que orbita em torno desse tema, desde remuneração justa dos professores e investimento nos mesmos, infraestrutura das escola e salas de aula, tecnologia de ensino etc.”, explica ele.

Além da educação, a vontade política, o combate à corrupção, infraestrutura e Pesquisa e Desenvolvimento são ações emergenciais a serem tomadas para que o país suba no ranking, afirma ele. A deterioração da economia, principalmente no último ano, deixa o Brasil apenas com potencial de criatividade, porém com falta de investimentos para efetivamente dar vazão a isto, direcionando-a para a Inovação.

Qualidade de Inovação

Dentre os países de renda média, o Brasil encontra-se em terceiro no ranking de Qualidade de Inovação, ficando atrás da Índia e da China em segundo e primeiro lugar respectivamente. O relatório aponta que o mérito da Índia se refere ao seu desempenho no ranking de universidades e pedidos de patentes. Se por um lado o Brasil apresenta uma nota levemente melhor em menções em artigos periódicos, por outro é prejudicado por pontuações mais baixas na qualidade das universidades.

Mauro Bonon entende que o país deve seguir o mesmo caminho da Índia, entretanto alerta não ser o suficiente para melhorar e se sustentar no ranking, visto que é necessária uma mudança geral não só neste quesito, como em outros, a médio e longo prazo.

Capital Humano e Pesquisa

Nos sete pilares, o ranking classificou o Brasil como 39° colocado em Sofisticação de Negócios, 57° em Sofisticação do Mercado, 59° em Infraestrutura, 60° em Capital Humano e Pesquisa, 67° em Produção de Conhecimento e Tecnologia, 78° em Instituições e 90° em Produção Criativa. Bonon reforça a relevância de todos os pilares, especialmente o quarto.

“Acredito que se houver investimento maciço em Capital Humano e Pesquisa, certamente impactará nos demais, pois quaisquer dos outros dependem diretamente das pessoas, mas nenhum deles têm perspectiva de melhoria no curto prazo e sim através de um plano estratégico de longo prazo”, esclarece o coordenador.

Referente a este mesmo pilar, Mauro esclarece que a contribuição das instituições de educação executiva, como a MBI, é fundamental para que uma evolução se torne palpável para o país. “Haja visto que é o líder que tem a responsabilidade de fazer a migração da essência para o que é de fato fundamental para as pessoas e as organizações, endereçando o valor e a importância da Inovação e da Liderança para todas as áreas da organização”.

Bonon destaca que é necessário aprender com os erros, olhar para os indicadores que puxam a média para baixo e investir em ações que os melhore, ter de fato a inovação como meta para alavancar o país e investir em ações que busquem esses resultados envolvendo a sociedade como um todo, ou seja, uma força tarefa muito bem orquestrada entre todos os setores da sociedade e da economia. “É preciso que os que comandam os setores mais importantes do Brasil, de fato queiram isso e o façam de maneira engajada”, conclui ele.

Fonte: Terra